segunda-feira, 27 de abril de 2015

Falou e disse?

"...Um amigo comentou esses tempos, em meio a algumas conversas sobre relacionamentos, que meus textos – sim, os meus nessa coluna – eram diretos demais, explicou que “o cara” por quem eu era – ou deveria ser – apaixonada, estava lendo tudo, acreditando que os textos estavam diretamente ligados a ele. Porém, não estavam, porque não havia o cara.
Eu sempre soube disso, mas nunca me importei com a opinião alheia, afinal existia cada coisa que eu ficava sabendo sobre a minha vida por outras pessoas que até eu me surpreendia.
Por diversas vezes imaginei o que as pessoas poderiam pensar ao lerem os textos, em como elas entenderiam aquele bando de informação, que mudava de uma semana para outra.
Se pensariam que além de bipolar, como pedir que ele esqueça nessa semana e que lembre na outra, eu teria uma vida amorosa mais badalada do que o carnaval de Salvador. O que – infelizmente – não era.
Afinal, não vou ser hipócrita e dizer que nenhum texto fala sobre você, você e você aí – imagine uma sala cheia de gente em que eu aqui, aponto a cada um com aquele dedo indicador enorme -, existem vários parágrafos que falam sobre você. Até porque nossa história de tão errada é comum.
Também não vou negar que existem textos sobre as minhas amigas, algumas coisas que não tenho a cara – de pau – para falar diretamente. Muito menos que muitos deles possuem histórias que ouvi por aí, de pessoas que sequer conheço, mas que deram bons textos.
Ou que certa vez, um cara me disse que não queria se envolver porque havia lido um texto meu que falava “eu não quero ser importante”, pensando assim que eu – que estava realmente interessada nele – estava só curtindo o momento, e que não fazia a mínima questão de ser importante, mas eu queria.
O problema é que tem sempre alguém que aposta sinceramente que nós – nós aqui ó –somos perdidamente apaixonadas por ele. E não há quem coloque na cabeça do fulano que aqueles textos, aquelas publicações de Júlia, não fazem qualquer relação com ele, e que se fizerem, no meu caso, ele vai saber por mim e não por postagens lançadas nas redes sociais.
Tudo bem, mesmo que você aí, que está agorinha lendo esse texto, achando que Julia lhe ama, que Maria lhe ama, que Cátia lhe ama, e que talvez até eu lhe ame, você que está percebendo o quanto o chapéu serviu, mesmo que acredite que é o ovo da marmita, você precisa entender que existem marmitas  – milhões delas – muito mais saborosas, sem ovo."